Assim, parece que a paixão do pintor pelo alongamento das figuras se devia a um capricho estético e não a um defeito visual, como defendeu o oftalmologista aragonês Germán Beritens em 1912 em artigo intitulado “Por que El Greco pintou como pintou?”. A verdade é que a teoria sobre o suposto astigmatismo do pintor gerou polêmica nos jornais da época e foi refutada por inúmeros especialistas. Posteriormente, concluiu-se que seu estilo particular é explicado pela influência de pintores anteriores, como Michelangelo, Rafael e Parmigiano, cujo trabalho também tende a retratar membros alongados, pequenas cabeças e características faciais estilizadas.
Na época de Doménikos Theotocópoulos (como o artista era chamado) apenas a miopia e a presbiopia eram conhecidas, mas os óculos já eram usados para tratar esses problemas de visão. Foi só em 1801 que o britânico Thomas Young descobriu o astigmatismo, quando percebeu que irregularidades na curvatura da córnea faziam com que a luz fosse projetada em mais de um ponto da retina, condição que resulta na percepção dos objetos como imagens embaçadas e deformadas, com direção determinada pelo eixo do astigmatismo (aquele que aparece na receita de óculos). Compare o alongamento da face na pintura “Retrato de um cavalheiro ancião” com o aspecto dos números do relógio à direita da imagem.
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