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O Dr. Fabricio Lopes da Fonseca e o Dr. Nilson Lopes da Fonseca Júnior participaram do congresso da ASOPRS (American Society of Ophthalmic Plastic & Reconstructive Surgery – Oculofacial Plastic Surgery), que ocorreu na cidade de New Orleans – EUA, entre os dias 09 e 10 de novembro.
No encontro foram discutidos os mais recentes avanços nos tratamentos das Doenças das Pálpebras, Vias Lacrimais e Órbita.
Em O Corcunda de Notre Dame, como é popularmente conhecido o livro Notre Dame de Paris (1831), de autoria do romancista francês Victor Hugo, encontramos no capítulo V do livro primeiro o seguinte trecho:
“Não tentaremos dar ao leitor uma idéia desse nariz tetraédrico, dessa boca recurva como uma ferradura; desse pequenino olho esquerdo obstruído por uma sobrancelha ruiva e áspera como tojo, enquanto o olho direito desaparecia completamente sob a enorme verruga, dessa dentadura desordenada, aqui e além brechada, como as ameias de um forte; desse lábio caloso, por sobre o qual avança um desses dentes como uma presa de elefante; desse queixo fendido; e principalmente da fisionomia diluída sobre tudo isto; desse misto de malícia, de estranheza ou de mágoa […] Uma cabeça gigantesca, eriçada de uma cabeleira ruiva; entre os dois ombros uma bossa enorme que, com o movimento, fazia vulto por diante; um sistema de coxas e pernas tão singularmente descambadas que apenas se podiam aproximar pelos joelhos e que, vistas de frente, pareciam duas lâminas recurvas de foice, unidas pelo cabo; pés largos, mãos monstruosas […] Dir-se-ia um gigante despedaçado e inabilmente recomposto.[…] Quasímodo não respondeu; Era, com efeito, surdo.”
Observando a descrição detalhada que o autor faz a respeito de Quasímodo, é evidente supor que a grave deformidade física do personagem central deve-se às manifestações da sífilis congênita precoce e tardia, doença que nos acompanha desde a Antigüidade até os dias atuais, representando atualmente no Brasil nova epidemia.
O nome “sífilis” surgiu em 1530, quando o médico e poeta italiano Girolamo Fracastoro, ao descrever a enfermidade, fez referência ao mito grego do pastor Syphilus, que amaldiçoou Apolo e foi punido com o que seria uma doença venérea.
Segue a descrição médica do texto literário:
Nariz Sifilítico ou em Sela – “Nariz tetraédrico”
Microftalmia – “ pequenino olho esquerdo”
Ptose palpebral – “o olho direito desaparecia completamente sob a enorme verruga”
Fronte olímpica – “Uma cabeça gigantesca”
Dentes de Hutchinson – “dentadura desordenada, aqui e além brechada”
Cifose – “entre os dois ombros uma bossa enorme que, com o movimento, fazia vulto por diante”
Genu Valgum – “Um sistema de coxas e pernas tão singularmente descambadas que apenas se podiam aproximar pelos joelhos e que, vistas de frente, pareciam duas lâminas recurvas de foice, unidas pelo cabo.” Também classicamente descrito como “tíbias em lâmina de sabre”.
Acromegalia – “Pés largos, mãos monstruosas”
Surdez neurológica – “Era, com efeito, surdo.”
Além de todo o comprometimento sistêmico, a Sífilis Congênita pode afetar os olhos de diversas formas, além das já descritas, como: uveíte anterior, neurorretinite, ceratite, esclerite, episclerite, neurite e pupila sifilítica de Argyll Robertson – doença em que a pupila reage mal à luz.
Atualmente os pacientes desempenham papel central nos cuidados à saúde. Assim, você e seu médico devem agir em parceria para a sua manutenção e seu mais breve restabelecimento. Mas para que isso seja possível a boa comunicação é fundamental.
Abaixo listamos algumas questões que você pode fazer ao seu médico para que informações importantes sejam compreendidas:
SOBRE MINHA DOENÇA
- Qual o meu diagnóstico?
- Quais são as causas deste problema?
- Há tratamento?
- Como essa condição pode afetar minha visão agora e no futuro?
- Devo ficar atento a algum sintoma específico e lhe avisar caso ocorra?
- Devo mudar algum aspecto do meu estilo de vida?
SOBRE MEU TRATAMENTO
- Qual é o tratamento indicado para o meu caso?
- Quando ele deve ser iniciado e qual sua duração prevista?
- Quais os benefícios esperados e qual a taxa de sucesso?
- Quais as restrições alimentares, de medicamentos e de atividades que terei durante o tratamento?
- Caso o tratamento inclua tomada de medicações, o que devo fazer caso esqueça uma dose?
- Existem outros tratamentos disponíveis?
SOBRE MEUS EXAMES
- Quais tipos de exames devo fazer?
- Quais os resultados esperados ou possíveis?
- Quando saberei os resultados?
- Devo realizar algum preparo especial para algum desses exames?
- Há algum efeito adverso ou risco envolvido nesses exames?
- Precisarei fazer algum exame adicional posteriormente?
ENTENDER AS RESPOSTAS DO SEU MÉDICO É ESSENCIAL PARA A BOA COMUNICAÇÃO E PARA O SUCESSO DO TRATAMENTO. ABAIXO LISTAMOS MAIS ALGUNS PONTOS IMPORTANTES:
- Caso não entenda as respostas do seu médico, pergunte até entender.
- Anote, solicite que um acompanhante o faça ou peça as explicações por escrito, caso julgue necessário.
- Solicite as orientações do tratamento por escrito.
- Solicite material impresso sobre sua doença.
- Caso ainda tenha dificuldades de compreensão ou deseje, solicite ao médico que lhe indique fontes confiáveis para informações adicionais sobre a sua condição.
O diagnóstico correto e o tratamento adequado são mais facilmente atingidos com a boa comunicação, confiança mútua e ótima relação médico-paciente.
O Dr. Fabricio Lopes da Fonseca foi um dos autores do livro Diagnóstico e Tratamento em Oftalmologia: da Anamnese à Genética, publicação do Tema Oficial do 61o Congresso Brasileiro de Oftalmologia, que ocorreu de 6 a 9 de setembro em Fortaleza.
O livro contou com a contribuição de diversos médicos oftalmologistas de todo o Brasil.
O Dr. Fabricio foi um dos responsáveis pela redação do capítulo “Obstrução das Vias Lacrimais Baixas Secundária a Terapias e Doenças Sistêmicas”.
Celebrado na segunda quinta-feira de outubro – este ano, no dia 12 -, o Dia Mundial da Visão é um excelente momento para se envolver e dialogar com o universo à sua volta – com a família, com aqueles que raramente fazem o exame oftalmológico, com pessoas que têm fator de risco para desenvolvimento de doenças, como o glaucoma e a retinopatia diabética, enfim, todos que precisam absorver a mensagem de que a saúde ocular precisa ser acompanhada e cuidada com atenção, ao longo de toda a vida.
Hoje, no Brasil, há mais de 1,2 milhão de cegos. A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que entre 60% e 80% dos casos de cegueira são evitáveis e/ou tratáveis. Isso significa que quase 700 mil brasileiros que são cegos poderiam estar enxergando se tivessem recebido tratamento adequado e em tempo adequado. Por isso, o acesso ao atendimento médico oftalmológico é decisivo para alterar as condições de saúde ocular do povo brasileiro.
Mas, essa triste realidade não ocorre apenas no Brasil. A OMS se uniu a outras instituições globais para, ao menos um dia por ano, chamar a atenção de toda a sociedade para os perigos da cegueira evitável: o Dia Mundial da Visão. Nessa data, em todo o planeta, médicos, pacientes, autoridades e comunidades realizam ações de conscientização.
Os olhos e anexos (pálpebras, órbita e sistema lacrimal) podem ser acometidos por uma imensa variedade de doenças, causando perda de visão e sendo em alguns casos os primeiros órgãos acometidos. Por isso, para a manutenção da saúde sistêmica e ocular e para garantir o adequado desenvolvimento visual, a consulta oftalmológica é de suma importância desde os primeiros anos de vida.
Aproveite essa data para programar sua visita e de seus familiares ao médico oftalmologista e cuidar de seus olhos!
Investigadores avaliaram se o afinamento da camada de células ganglionares-plexiforme interna (CGCPI) da retina poderia ser usado na detecção da progressão do glaucoma primário de angulo aberto. O estudo prospectivo utilizou a Tomografia de Coerência Óptica (OCT) para monitorar 65 pacientes não-progressores e progressores durante um período de ao menos 3 anos. Os autores demonstraram que a taxa de progressão do afinamento da CGCPI foi significativamente mais rápida nos progressores que nos não-progressores e daquela normalmente associada ao afinamento ligado à idade, já publicado em estudos prévios. A acurácia diagnóstica foi também comparável àquelas associadas ao afinamento da camada de fibras nervosas da retina , usada mais comumente como indicador da progressão do glaucoma.
Imagem do exame de OCT demonstrando a distribuição normal das camadas da retina. IPL corresponde à Camada Plexiforme Interna.
Esse estudo é mais uma evidência da relevância do seguimento estrutural da retina e do nervo óptico em pacientes com glaucoma, visando a identificação de sinais de progressão da doença antes da instalação de danos funcionais, como perda de campo visual.
(Ophthalmology, Setembro 2017)
Pacientes com glaucoma avançado participaram de uma simulação de direção para determinar o impacto de seus defeitos específicos de campo visual sobre o risco de colisões automobilísticas. Investigadores alocaram 95 pacientes com defeitos campimétricos em ambos os olhos e 43 controles normais em cenários simulados envolvendo tráfego em sentido contrário.
O grupo de glaucoma foi significativamente mais propenso a se envolver em pelo menos 1 colisão (80%) comparado com o grupo normal (26%). Além da idade avançada e baixa acuidade visual no melhor olho, pior sensibilidade no hemicampo inferior foi um fator de risco significativo para colisões.
Assim , os autores do estudo sugerem que pacientes com perda de campo visual nesta área devem ser orientados do seu risco na direção de autos.
(British Journal of Ophthalmology, Julho 2017)
Seus olhos são parte importante da sua saúde! Há diversas maneiras de mantê-los saudáveis e de preservar sua visão. Siga as dicas seguintes para uma boa saúde ocular!
Realize uma consulta oftalmológica completa
Você pode achar que sua visão está bem e que seus olhos estão saudáveis, mas a única maneira de ter certeza é através de uma consulta completa com o médico oftalmologista. Mesmo portadores de condições mais frequentes como erros de refração podem não perceber que sua visão poderia melhorar, até testarem o uso de óculos ou lentes de contato. Além disso, doenças oculares como Glaucoma, Retinopatia Diabética e Degeneração Macular Relacionado à Idade (DMRI) frequentemente são assintomáticas até suas fases mais avançadas. O exame oftalmológico é a única maneira de detectar precocemente essas e outras condições. Durante a consulta, o médico oftalmologista pode pingar colírios que dilatam as pupilas, para permitir que mais luz entre nos olhos, assim como um porta aberta permite maior luminosidade em um quarto escuro. A dilatação pupilar permite o exame mais amplo do fundo de olho e a pesquisa de lesões ou sinais de doenças oculares e sistêmicas. O médico oftalmologista é o único profissional que pode assegurar que seus olhos estão saudáveis e que sua visão está sendo utilizada em toda a sua plenitude.
Conheça os antecedentes oftalmológicos da sua família
Pergunte aos seus familiares sobre saúde ocular e doenças oculares. É importante saber se alguém teve o diagnóstico de algum problema ocular, já que alguns são hereditários. Essa informação ajudará a saber se você tem risco aumentado de desenvolver determinada doença oftalmológica.
Alimente-se corretamente para proteger seus olhos
Você já teve ter ouvido que cenoura faz bem aos olhos. Mas adotar uma dieta rica em frutas e vegetais, particularmente verduras de folhas escuras como espinafre, couve ou couve-manteiga, também é importante. Pesquisas científicas tem demonstrado benefícios do consumo de peixes com alta concentração de ômega-3, como salmão, sardinha, atum e linguado.
Mantenha um peso saudável
Estar com sobrepeso ou obeso aumenta o risco do desenvolvimento de diabetes, hipertensão arterial e outras doenças sistêmicas, que podem levar a perda de visão pelo surgimento de Retinopatia Diabética e Glaucoma. Se você tem dificuldade de manter um peso adequado, busque auxílio médico.
Utilize óculos de proteção
Proteja seus olhos durante práticas esportivas ou atividades domésticas. Óculos de proteção incluem armações de proteção, máscaras de proteção e dispositivos específicos para determinadas tarefas (os chamados Equipamentos de Proteção Individual – EPI). A maior parte é confeccionada com policarbonato, que é 10 vezes mais resistente do que outros plásticos. Muitas ópticas e lojas de artigos esportivos os comercializam.
Pare de fumar (ou nunca comece!)
O cigarro é tão danoso para os olhos como é para todo o resto do corpo. Pesquisas já associaram o hábito de fumar com risco aumentado de desenvolver DMRI, catarata e lesão do nervo óptico, condições que podem levar à cegueira.
Utilize óculos de sol
Além de um acessório do vestuário, os óculos solares tem como função principal proteger seus olhos da radiação ultra-violeta do sol, da mesma forma que os bloqueadores solares protegem sua pele. Quando comprá-los, procure por aqueles que bloqueiam 99% a 100% das radiações UV-A e UV-B.
Repouse seus olhos
Se você passa muito tempo à frente do computador ou em atividades junto ao corpo, provavelmente seu ritmo de piscar diminui e seus olhos podem entrar em fadiga pelo esforço prolongado de foco. Experimente a regra 20-20-20: a cada 20 minutos, olhe ao longe (cerca de 20 pés, ou 6 metros) por 20 segundos. Isso pode ajudar a reduzir o desconforto ocular.
Higienize adequadamente suas mãos e suas lentes de contato
Para diminuir o risco de infecções, sempre lave suas mãos antes de colocar ou retirar suas lentes de contato (LC). Esteja atento para a manutenção e o descarte adequados de suas LC.
Promova sua segurança no trabalho
Quando necessário, as empresas são obrigadas a fornecer equipamentos de segurança, dentre os quais óculos de proteção. Caso eles façam parte da sua atividade profissional, tenha como hábito utilizar o modelo correto pelo tempo correto, e encoraje seus colegas a fazer o mesmo.
(Para mais informações acesse: www.nei.nih.gov/healthyeyes)
O Dr. Nilson Lopes da Fonseca Júnior esteve presente no 1o CLORE (Curso de Córnea, Lentes de Contato, Ortoceratologia e Refratometria) no dia 30 de junho, promovido pela Sociedade Brasileira de Oftalmologia, na cidade do Rio de Janeiro.
Sua participação incluiu a apresentação da conferência “Lentes de contato gelatinosas tóricas”, com a presença de médicos oftalmologistas de todo o Brasil.
“Não percebo mais as cores com a mesma intensidade nem pinto a luz com a mesma precisão. O vermelho aparece lamacento para mim; já o rosa, insípido; e os tons intermediários ou menores me escapam por completo. O que eu pinto está cada vez mais escuro, mais e mais como uma fotografia antiga.”
Assim nos descreve Claude Monet os sintomas da catarata nuclear que o acometeu a partir de 1908, e foi responsável por algumas mudanças em suas pinturas das paisagens de Giverny. Após a cirurgia e mesmo não contando mais com uma visão perfeita, sua excelência artística ainda produziu belas obras, até sua morte em 1926.